Sobre Anísio Teixeira

Anisio Teixeira
Anísio Teixeira

Anísio Spínola Teixeira (Caetité, Bahia, 1900, Rio de Janeiro, 1971) foi um jurista, intelectual, educador e pensador brasileiro. E adepto, criativo, difusor e tradutor, do pragmatismo de John Dewey. Personagem central, brilhante, na história da educação no Brasil, nas décadas de 1920 e 1930, difundiu os pressupostos do movimento da Escola Nova, que tinha como princípio a ênfase no desenvolvimento da inteligência e na capacidade de julgamento, práticos, de preferência à memorização. Assumiu, em 1924, o caro de chefia na Direção de Instrução Pública, no Rio de Janeiro,quando iniciou sua paixão pela educação. Reformou o sistema educacional da Bahia e do Rio de Janeiro, exercendo vários cargos executivos. Foi um dos mais destacados signatários do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, em defesa do ensino público, gratuito, laico e obrigatório, divulgado em 1932. Fundou a Universidade do Distrito Federal, em 1935, depois transformada em Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil. Na ideia de educação para todos, expressa por Anísio Teixeira, está a base de sua atuação como educador e sua contribuição para a educação no Brasil, importante até hoje.

Para uma introdução mais detalhada, clique aqui e acesse o trabalho de Karen Bartoloti e Marcus Vinicius Cunha: Anisio Teixeira_Pioneiro do Pragmatismo no Brasil

Em sua cidade natal, iniciou os estudos no Colégio São Luís Gonzaga, de jesuítas, continuando depois sua formação em Salvador, no Colégio Antônio Vieira. Depois formou-se em direito no Rio de Janeiro, na Escola de Direito do que é hoje a Universidade Federal do Rio de Janeiro, e foi inspetor-geral do Ensino na Bahia. A fim de melhor desempenhar esta função, viajou em 1925 à Europa, onde observou o sistema educacional de diversos países — implementando em seguida várias reformas no ensino do estado.

Em 1927, foi aos Estados Unidos, onde travou conhecimento com as ideias de John Dewey, que muito iriam influenciar seu pensamento. No ano seguinte, demitiu-se do cargo pelo fato de o novo governador não concordar com suas ideias sobre mudanças no ensino. De volta ao Brasil traduziu, pela primeira vez em português, dois trabalhos de Dewey. Em 1928, ingressou na Universidade de Colúmbia, em Nova York, onde obteve o título de mestre e conheceu pessoalmente o educador John Dewey.

Em 1931, mudou-se para o Rio de Janeiro, ocupando a Diretoria da Instrução Pública do Distrito Federal, em cujo mandato instituiu a integração da “Rede Municipal de Educação”, do fundamental à universidade. Diversas melhorias e mudanças foram feitas, mas a que maior polêmica gerou foi a criação da Universidade do Distrito Federal, em 1935. Tornou-se Secretário da Educação do Rio de Janeiro em 1931 e realizou uma ampla reforma na rede de ensino, integrando o ensino da escola primária à universidade. Em 1932, participou do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, tendo publicado neste período duas obras sobre educação que, junto a suas realizações, deram-lhe projeção nacional.

Anísio Teixeira assumiu o cargo de conselheiro geral da UNESCO em 1946. No ano seguinte, foi convidado novamente a assumir o cargo de Secretário da Educação da Bahia, onde foi muito bem-sucedido como administrador público. Criou a Escola Parque, em Salvador, que se tornou um centro pioneiro de educação integral. Em 1951, assumiu a função de Secretário Geral da CAPES (Campanha de Aperfeiçoamento do Ensino Superior), tornando-se, no ano seguinte, diretor do INEP (Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos).

Em fins dos anos 1950, Anísio Teixeira participou dos debates para a implantação da Lei Nacional de Diretrizes e Bases, sempre como árduo defensor da educação pública. Ao lado de Darcy Ribeiro, o “pragmatista” Anísio Teixeira foi um dos fundadores da Universidade de Brasília, da qual tornou-se reitor em 1963.

No ano seguinte, com o golpe militar, afastou-se do cargo e foi para os Estados Unidos, lecionando nas Universidades de Colúmbia (onde conhecera Dewey) e da Califórnia. De volta ao Brasil em 1966, tornou-se consultor da Fundação Getúlio Vargas.

Anísio Teixeira morreu em 1971, durante a Ditadura Militar, em circunstâncias consideradas obscuras. Seu corpo foi achado num poço de elevador de um prédio na Avenida Rui Barbosa, no Rio de Janeiro. Apesar do laudo de ”morte acidental’, há suspeitas de que tenha sido vítima das forças de repressão do governo do General Emílio Garrastazu Médici, então no poder.

Depoimentos sobre Anísio
Comecei a ler o Manifesto [da Educação Nova]. Comecei a não entender, a ver ali o que desejava ver. Larguei-o. Pus-me a pensar — quem sabe está nalgum lugar do livro de Anísio o que não acho aqui — e lembrei-me de um livro sobre a educação progressiva, que me mandaste e que se extraviou no caos que é minha mesa. Pus-me a procurá-lo, achei-o. E cá estou, Anísio, depois de lidas algumas páginas apenas, a procurar dar berros de etusiasmo, por uma coisa maravilhosa que é a sua inteligência lapidada pelos Deweys e Kilpatricks!…Eureca! Eureca! Você é o líder, Anísio! Você há de moldar o plano educacional brasileiro. Só você tem a inteligência bastante aguda para ver dentro do cipoal de coisas engolidas e não digeridas por nossos pedagogos reformadores… Eles não conhecem, senão de nomes, aqueles píncaros (Dewey & co.) por cima dos quais você andou e donde pode descortinar a verdade moderna. Só você, que aperfeiçoou a visão e teve o supremo deslumbramento, pode neste País falar de educação! – Monteiro Lobato

…Cidadão íntegro, puro, decente. Além de inteligentíssimo, dono de cultura invulgar, mestre inconteste no que se refere à educação, Anísio Teixeira foi um brasileiro raro. Tão extraordinário a ponto de ter sido alvo durante toda a vida de restrições, suspeitas, aleivosias, perseguições, misérias de todo tipo com que os imundos o perseguiram — sobram imundos no Brasil. Tentaram de todas as maneiras impedir Anísio Teixeira de realizar sua missão civilizadora mas ele era irredutível e invencível. O que o Brasil de hoje possui de melhor e de maior deve-se em grande parte a este humanista baiano de grandeza universal. — Jorge Amado

…Anísio Teixeira é o pensador mais discutido, mais apoiado e mais combatido do Brasil. Ninguém como ele provoca a admiração de tantos. Ninguém é também tão negado e tem tantas vezes seu pensamento deformado (…) Suas teses educacionais se identificam tanto com os interesses nacionais e com a luta pela democratização de nossa sociedade que dificilmente se admitiria pudessem provocar tamanha reação num país republicano.— Darcy Ribeiro

 A magnitude de Anísio Teixeira é própria de um pensador social dos mais profundos, que não perde em nada para Gilberto Freyre ou qualquer outro. (…) Ele precisa ser lembrado ao lado de historiadores como Sérgio Buarque de Holanda, sociólogos como Florestan Fernandes e antropólogos como Emilio Willems. — Marcos Cezar de Freitas

(adaptado da Wikipedia)